segunda-feira, 23 de maio de 2016

A PREMIUS E O INCENTIVO À LEITURA.

Nos idos dos anos 1970, as grandes escolas de Fortaleza, especialmente aquelas que ofereceriam serviços de preparação para o exame vestibular como atividade de assessoria, começavam a despertar para a possibilidade de produzir os próprios materiais didáticos. Nesse contexto, um jovem professor, Assis Almeida, entendendo que aquela era uma oportunidade de trabalhar com um produto de consumo garantido, resolveu entrar em sociedade com o também professor Wilson Viana, que era diretor de um dos maiores cursos pré-universitários da cidade, o Instituto Pedagógico Cearense (IPC). Unia-os o fato de ensinarem a mesma disciplina, Física. O IPC administrava as turmas de terceiro ano do Ensino Médio (na época denominado Segundo Grau) do Colégio Cearense, uma das mais renomadas escoladas da cidade.
    "Eu comecei a trabalhar na Gráfica Integral, que fazia parte do Colégio Cearense, em 1979. Tinha uma sociedade com o professor Wilson Viana. Nessa empresa eu fazia livros e apostilas, mas infelizmente a sociedade não durou muito. De fato entrei no ramo porque o meu ex-cunhado, O Danilo Albuquerque, tinha a Tipografia Senador. Foi ele e o Clemente, que era fornecedor de insumos gráficos, quem me incentivaram a montar também uma Tipografia. Na época eu tinha uma Distribuidora de Cerveja e resolvi vende-la e montar a Tipografia São Sebastião, em 1980, que funcionava na Rua Antônio Pompeu, 1705.
    Fazíamos livros, calendários e impressos comerciais. Comecei fazendo os livros do Ferreira Aragão, além de algumas biografias, de autores locais. Os livros eram feitos em linotipo. Naquele tempo, para se fazer um livro desses demorava cerca de cinquenta dias. Hoje, tudo fica pronto em cinco dias.
    Lembro bem que nos anos 1980 quem tinha uma gráfica normalmente era um sujeito de sucesso. Nunca me esqueci de uns cálculos que fiz e que me mostraram que o serviço de uma semana paga todas as despesas da gráfica, inclusiva a mão de obra, ficando a produção das outras três semanas como lucro. Hoje, é a maior dificuldade do mundo, a concorrência está muito acirrada.
    Os meus primeiros clientes de peso foram a Aço Cearense e o Mercantil São José, para os quais eu vendia grande quantidade de notas fiscais. Era um volume tão impressionante que cheguei a recusar serviços, pois na época não existia produção para atende-los." (Assis Almeida)
    Em 1986, com o advento do Plano Cruzado, aumentou significativamente a demanda por impressos e grande parte das gráficas locais começou a se equipar melhor, a comprar máquinas, a se modernizar. A indústria do setor cresceu de forma exponencial, e não foi diferente com a Gráfica e Editora Assis Almeida.
    "Foi uma loucura, todo mundo comprando máquina, fazendo nota fiscal, ganhando dinheiro. A nossa empresa foi crescendo e eu também comecei a comprar máquinas offset, de corte e vinco, guilhotina e fui me modernizando. Comprei tudo através do FINAME, do Bradesco e do BEC. O mercado foi crescendo e ficando competitivo, hoje está muito difícil, o empresário precisa trabalhar muito e de forma disciplinada, organizada, porque quase não se tem lucro. Eu iniciei com cinco funcionários, hoje nós temos mais de cinquenta colaboradores, entre vendas, setor administrativo e produção. Atualmente nós temos duas empresas, a Gráfica e Editora Assis Almeida, que eu administro, e a Gráfica e Editora Premius Ltda., que a minha esposa, Rose, administra." (Assis Almeida).
    O modelo da gestão implementado por Assis e sua esposa tinha nas pessoas a sua referência maior. A ideia inicial era a de ter um gestor principal que coordenasse os trabalhos das empresas, mas, antes as dificuldades de conseguir alguém com o nível de capacitação essencial para uma gestão como a exigida numa empresa gráfica, pautada na eficiência produtiva e na rentabilidade, o Assis assumia sempre grande parte dos trabalhos.
    "Nossa gestão sempre foi pensada de forma racional. Nós temos o setor administrativo, com uma gestora geral, o setor de gestão de pessoas, e o financeiro. Em cada setor mantemos uma liderança que coordena os trabalhos; setor de acabamento, setor de artes, setor de vendas. Um fato que merece atenção especial é o de que existe uma deficiência muito grande de vendedores especializados em produtos gráficos; a falta de conhecimento compromete os resultados. Por esse motivo é que temos um sistema de capacitação no qual realizamos cursos, palestras. Anualmente, fazemos o nosso planejamento estratégico. Entendemos que é preciso ter uma gestão bem organizada, pois nós vivemos no sistema do imediatismo, do tudo rápido, onde tempo é dinheiro. Agora, eu estou contratando um monitor de administração, para fazer o acompanhamento geral do planejamento estratégico." (Assis Almeida).
    Uma característica marcante das duas empresas, é a divisão de tarefas entre os membros da família. O Assis Almeida assume o papel de empreendedor; a esposa Rose, é a gerente comercial; o filho mais velho, Bruno, coordena o setor de vendas. Os outros dois filhos, Natália e Alexandre, ainda não trabalham nas empresas. Além deles, os demais funcionários em sua grande parte estão com a família há muitos anos.
    "Estamos sempre em constante mudança, porque a inovação é a chave do negócio. Nossa relação com o mercado é muito boa. Nós preservamos muito a credibilidade, os compromissos. Os meus principais clientes são Sindicatos, Instituições que fazem brindes para final do ano, e empresas como Aço Cearense, o Grupo Edson Queiroz, a Ceará Motor, entre outras. Algumas empresas de porte pequeno e médio nos procuram para fazer agendas e tem também outras empresas gráficas que compram agendas da Premius para revender. Nós somos a maior editora no varejo em livros, fazmoes em média 40 mil livros por mês." (Assis Almeida)
    As empresas de Assis Almeida contam com um elenco de fornecedores que ele costuma destacar pelo respeito e admiração com que os trata. Destacam-se ABC, a SPP, a Suzano e a LN Distribuidora de Serviços Gráficos. As gráficas do grupo têm atuação firme em todo o Estado do Ceará e nas principais capitais do Nordeste, fornecendo livros e agendas. Tem também alguns clientes em São Paulo, chegando a vender dezenas de milhares de livros e agendas anualmente para região Sudeste.
    "Atualmente, somos uma das editoras que mais fazem livros no Nordeste, mas isso não aconteceu de repente. Foi necessário muito trabalho e grandes parcerias, como o Sindicato do Livro, Associação Cearense de Escritores, União Nacional de Escritores, Câmara Cearense do Livro, União Nacional dos Escritores, Câmara Cearense do Livro, Academia Metropolitana de Letras e outras. Procuro desenvolver a literatura. Também sou escritor, consciente de que preciso estudar muito para desenvolver mais, sou um grande incentivador da leitura, faço doações de livros. A gráfica pode mudar de produtos, podemos fazer até livros digitais, gravações e etc. O importante é criar, inovar, porque as mudanças são constantes." (Assis Almeida)

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